Venho de uma família de mulheres
guerreiras, que não se abatem facilmente, que não aceitam simplesmente o “não”
como resposta. Isso me ajuda muito no processo com Lucas, cada vez que o vejo
distante ou separado dos amiguinhos, tento trazê-lo de volta, tento inserí-lo
em um mundo ao qual ele precisará viver, quisera eu eternamente comigo. Mas,
sabemos que isso não será possível, um dia, eu e o pai não estaremos mais aqui
e ele precisará estar pronto para encarar este mundo. Somos pais, protetores
por natureza, no caso de uma criança que tenha alguma dificuldade então, essa proteção
muitas vezes é dobrada, e no meu processo de aprendizagem descobri que não faço
bem ao meu filho com a super proteção, que preciso deixá-lo crescer. Engraçado não? Em uma conversa informal percebi que ainda tratava meu filho como se ele tivesse 4 aninhos e ele já está com 7. É necessário que ele aprenda a se
defender, a se comunicar, tudo o que podemos fazer é descobrir as oportunidades,
mostrá-las e incentivá-lo. Em uma conversa com a psicóloga ela nos alertou
sobre como não são todas as pessoas que irão tratá-lo com o mesmo carinho e
paciência que os pais e, realmente, é verdade. Vivemos em um mundo de
intolerâncias, falta de respeito, falta de amor ao próximo e as crianças com
este quadro mantêm a inocência, a pureza e a sensação que tenho é que podem ser
tão facilmente manipuladas, isso assusta. Algumas vezes me deparo com
pensamentos de como não é fácil esta luta, afinal, sou humana, gostaria de ver
meu filho se desenvolvendo normalmente como outras crianças e não para que
ficasse mais fácil para mim, mas, para ele. O sentimento de que não poderemos
protegê-lo sempre é avassalador. Toda mãe quer defender seus filhos com unhas e
dentes, quer que sejam bem tratados, aceitos, não sofram discriminação. Tenho
lido muitos depoimentos, livros, artigos de pessoas que passaram pela mesma
situação e o que me fortalece, além da minha fé, é perceber que os avanços são
muitos e que a evolução, a vida praticamente normal, é possível.
O intuíto deste blog é relatar a trajetória, lutas e prazeres, sim, prazeres, por que não? dos pais e de uma criança com diagnóstico de atraso global do neurodesenvolvimento. Neste blog pretendo mostrar as dificuldades encontradas pelo caminho, os anjos que são colocados no nosso caminho nos mostrando que é possível ver o seu filho se desenvolvendo e tendo uma vida normal. "Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou". Romanos 8:37
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