Venho de uma família de mulheres
guerreiras, que não se abatem facilmente, que não aceitam simplesmente o “não”
como resposta. Isso me ajuda muito no processo com Lucas, cada vez que o vejo
distante ou separado dos amiguinhos, tento trazê-lo de volta, tento inserí-lo
em um mundo ao qual ele precisará viver, quisera eu eternamente comigo. Mas,
sabemos que isso não será possível, um dia, eu e o pai não estaremos mais aqui
e ele precisará estar pronto para encarar este mundo. Somos pais, protetores
por natureza, no caso de uma criança que tenha alguma dificuldade então, essa proteção
muitas vezes é dobrada, e no meu processo de aprendizagem descobri que não faço
bem ao meu filho com a super proteção, que preciso deixá-lo crescer. Engraçado não? Em uma conversa informal percebi que ainda tratava meu filho como se ele tivesse 4 aninhos e ele já está com 7. É necessário que ele aprenda a se
defender, a se comunicar, tudo o que podemos fazer é descobrir as oportunidades,
mostrá-las e incentivá-lo. Em uma conversa com a psicóloga ela nos alertou
sobre como não são todas as pessoas que irão tratá-lo com o mesmo carinho e
paciência que os pais e, realmente, é verdade. Vivemos em um mundo de
intolerâncias, falta de respeito, falta de amor ao próximo e as crianças com
este quadro mantêm a inocência, a pureza e a sensação que tenho é que podem ser
tão facilmente manipuladas, isso assusta. Algumas vezes me deparo com
pensamentos de como não é fácil esta luta, afinal, sou humana, gostaria de ver
meu filho se desenvolvendo normalmente como outras crianças e não para que
ficasse mais fácil para mim, mas, para ele. O sentimento de que não poderemos
protegê-lo sempre é avassalador. Toda mãe quer defender seus filhos com unhas e
dentes, quer que sejam bem tratados, aceitos, não sofram discriminação. Tenho
lido muitos depoimentos, livros, artigos de pessoas que passaram pela mesma
situação e o que me fortalece, além da minha fé, é perceber que os avanços são
muitos e que a evolução, a vida praticamente normal, é possível.
O intuíto deste blog é relatar a trajetória, lutas e prazeres, sim, prazeres, por que não? dos pais e de uma criança com diagnóstico de atraso global do neurodesenvolvimento. Neste blog pretendo mostrar as dificuldades encontradas pelo caminho, os anjos que são colocados no nosso caminho nos mostrando que é possível ver o seu filho se desenvolvendo e tendo uma vida normal. "Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou". Romanos 8:37
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Associação Metamorfose
Este é o grupo que comentei com vocês que o Lucas iria começar. Eles fazem um trabalho multidisciplinar com equipe de terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicólogo. Abaixo estão os contatos da equipe de Macaé.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Colégio Atlântico
Quero fazer um agradecimento especial a toda equipe do Colégio Atlântico pela dedicação e carinho com que abraçaram a causa do Lucas. Vocês já estão fazendo muita diferença em nossas vidas. Ele agora chega em casa e me pede para fazer as tarefinhas. Profissionais como vocês são especiais. Parabéns a toda equipe. Boas férias!
POEMA DOS AUTISTAS...
Construa-me uma ponte
Eu sei que você e eu Nunca fomos iguais.
E eu costumava olhar para as estrelas à noite
E queria saber de qual delas eu vim.
Porque eu pareço ser parte de um outro mundo
E eu nunca saberei do que ele é feito.
A não ser que você me construa uma ponte, construa-me uma ponte,
Construa-me uma ponte de amor.
eu espero pelo dia no qual você sorrirá para mim
apenas porque perceberá que existe uma pessoa decente e inteligente
enterrada profundamente em meus olhos caleidoscópios,
pois eu tenho visto como as pessoas me olham
embora eu nada tenho feito de errado.
construa-me uma ponte, construa-me uma ponte,
e, por favor , não demore muito.
Vivendo na beira do medo,
Vozes ecoam como trovão em meus ouvidos,
Vendo como eu me escondo todo dia.
Estou apenas esperando que o medo vá embora,
Eu quero muito ser uma parte do seu mundo.
eu quero muito ser bem sucedido,
e tudo o que preciso é ter uma ponte,
uma ponte construída de mim até você,
e eu estarei junto à você para sempre,
nada poderá nos separar,
se você me construir uma ponte, uma pequena, minúscula ponte
de minha alma, para o fundo do seu coração.
(Mc Kean, autista, escritor)
Autismo
Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais:
* Inabilidade para interagir socialmente;
* Dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos;
* Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
O grau de comprometimento é de intensidade variável: vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger (na qual não há comprometimento da fala e da inteligência), até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e retardo mental.
Os estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos.
Sintomas
O autismo acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias, mais os meninos do que as meninas. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente. O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos. De acordo com o quadro clínico, eles podem ser divididos em 3 grupos:
1) ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favoreceram sua adaptação e auto-suficiência.
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico. Leva em conta o comprometimento e o histórico do paciente e norteia-se pelos critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).
Tratamento
Até o momento, autismo é um distúrbio crônico, mas que conta com esquemas de tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe multidisciplinar.
Não existe tratamento padrão que possa ser utilizado. Cada paciente exige acompanhamento individual, de acordo com suas necessidades e deficiências. Alguns podem beneficiar-se com o uso de medicamentos, especialmente quando existem co-morbidades associadas.
Recomendações
* Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo pode representar um fator de desequilíbrio para toda a família. Por isso, todos os envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados;
* É fundamental descobrir um meio ou técnica, não importam quais, que possibilitem estabelecer algum tipo de comunicação com o autista;
* Autistas têm dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam; por isso é importante manter o seu mundo organizado e dentro da rotina;
* Apesar de a tendência atual ser a inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares, as limitações que o distúrbio provoca devem ser respeitadas. Há casos em que o melhor é procurar uma instituição que ofereça atendimento mais individualizado;
* Autistas de bom rendimento podem apresentar desempenho em determinadas áreas do conhecimento com características de genialidade.
Fonte: http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo/
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Buscando conhecimento
Encontrei um blog muito interessante, O mundo maravilhoso dos autistas, caso queiram conhecer está na lista de Leitura Legal, no lado direito. Ele fala sobre os distúrbios invasivos e traz relatos de uma autista adulta. Destaquei algumas características que identificamos no Lucas. Hoje ele já suporta melhor alguns barulhos, mas, a um tempo atrás ele ficava agitadíssimo, Reveillon com fogos era impossível para ele.
"Minha audição funciona como se eu usasse um aparelho auditivo cujo volume só funciona no"super alto". É como se fosse um microfone ligado que capta todo o barulho ao redor. Eu tenho duas escolhas: deixar o microfone ligado e ser inundada pelo barulho, ou desligar. Minha mãe conta que algumas vezes eu agia como se fosse surda" (Grandin, 1992, p.2)"Quando eu era pequena, barulhos altos eram um problema, geralmente eu o sentia como sefosse a broca de um dentista pegando um nervo. Eles de fato me causavam dor. Eu tinha medo de balões estourando, porque o som parecia uma explosão nos meus ouvidos" (Grandin, 1995, p.67)
Estímulo Auditivos
• Fica muito incomodado ou irritado com sons altos ou inesperados, como o estouro de balões, enceradeira , secador de cabelo e fogos de artifício.
• Distrai-se facilmente ou tem dificuldade para concentrar-se com barulho ao redor (Ex: televisão ligada , ventilador, rádio).
• Tampa os ouvidos com as mãos sem motivo aparente
• Chora em lugares cheios e barulhentos.
Crianças hipersensíveis tendem a ser mais agitadas, pois sua atenção é constantemente solicitada por estímulos irrelevantes. É o barulho da geladeira, a etiqueta da blusa que incomoda, o mosquito voando com aquele barulho irritante, o cheiro da merenda do colega, o brinquedo colorido do vizinho, que ele agarra impulsivamente, mas logo solta, já atraído por outros estímulos, indo de ponto a ponto, como que prisioneiro dos estímulos ambientais. Para algumas crianças os estímulos ambientais são tão perturbadores, que elas acabam se isolando, como relatado por Grandin (1992.p.7):
"Eu provavelmente criei um mundo à parte para me proteger dos estímulos com os quais eu não conseguia lidar".
Fonte: http://omundomaravilhosodosautistas.blogspot.com.br/
quarta-feira, 11 de junho de 2014
Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação
Este hospital tem um atendimento maravilhoso e, melhor ainda, é gratuito. Todos os exames necessários são feitos lá mesmo.
Atendimento
A Rede SARAH é a uma das maiores do mundo em reabilitação. Seus Hospitais em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Macapá, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís oferecem todos o mesmo padrão de atendimento. Todas as pessoas são tratadas com atenção e respeito.
Os hospitais da Rede SARAH, entretanto, não atendem Urgência, Emergência nem Pronto Socorro, pois esses são serviços de responsabilidade dos hospitais distritais ou municipais. Lembre-se: você não paga nada, porque já pagou os seus impostos.
SOLICITAÇÃO DE CONSULTA
É muito simples solicitar um atendimento na Rede SARAH, basta ligar:
Importante:
Quanto mais detalhada for a explicação do seu problema de saúde, mais fácil a avaliação.
O Hospital entrará em contato com você quando sua consulta for marcada.
PRIMEIRA CONSULTA
Quando você chegar a uma unidade da Rede SARAH, dirija-se à Recepção. A recepcionista abrirá o seu Prontuário, uma pasta que conterá informações sobre o seu problema de saúde. É nessa Pasta que a equipe registrará todos os dados durante o seu tratamento.
Na admissão na Rede SARAH, é necessário documento de identidade e CPF para os adultos e, para as crianças, a certidão de nascimento.
Você receberá então o Cartão do Hospital SARAH. Esse será o seu documento para todos os atendimentos e também indicará as datas em que deverá comparecer ao Hospital. Caso não possa comparecer ao atendimento, avise e solicite a remarcação.
Se possível, no dia da primeira consulta, leve todos os exames já realizados.
Belém:
Centro de ReabilitaçãoEndereço: Rodovia Artur Bernardes, nr. 1000
Infantil:
0xx91- 3205 6700
Val de Canz
CEP: 66.115-000 - BEL ÉM - PA
Belo Horizonte:
Crianças:Endereço:
0xx31 - 3379 2901
Adultos:
0xx31 - 3379 2900 (1ª consulta)
0xx31 - 3379 2800 (retorno)
Av. Amazonas, 5953
Gameleira
CEP: 30.510-000 - Belo Horizonte - MG
Brasília:
Primeira consulta:Endereço:
0xx61 - 3321 1500
SMHS Quadra 301 Bloco A
CEP: 70.335-901 - Brasília - DF
Clique aqui para agendar online um atendimento no Programa para avaliação e acompanhamento de bebês no SARAH Brasília
Fortaleza:
Crianças e Adultos:Endereço:
0xx85 - 3499 4400
Av. Presidente Juscelino Kubtscheck, 4.500
Passaré
CEP: 60.861-630 – Fortaleza - CE
Macapá:
Centro de Reabilitação:Endereço:
Infantil: 0xx96 - 3312 7000
Rod. Juscelino KubItischek, 2011
Fazendinha
CEP: 68903-419 - Macapá - AP
Rio de Janeiro:
Centro Internacional SARAH de Neurorreabilitação e Neurociências
Crianças e Adultos:
0xx21 - 3543 7600
0xx21 - 3543 7601
0xx21 - 3543 7602
Importante:
O SARAH Rio atende pacientes portadores de doenças neurológicas crônicas; tais como doença de Parkinson, Ataxias, (incapacidade de coordenação dos movimentos musculares voluntários) e outras doenças degenerativas. Sequelas de lesão vascular ou traumática que afetam o sistema nervoso, (lesão cerebral e lesão medular).
Endereço:O SARAH Rio atende pacientes portadores de doenças neurológicas crônicas; tais como doença de Parkinson, Ataxias, (incapacidade de coordenação dos movimentos musculares voluntários) e outras doenças degenerativas. Sequelas de lesão vascular ou traumática que afetam o sistema nervoso, (lesão cerebral e lesão medular).
Embaixador Abelardo Bueno, nº 1.500
Barra da Tijuca
22775-040 - Rio de Janeiro - RJ
Salvador:
Crianças e Adultos:0xx71 - 3206 3599Endereço:
Centro de Reabilitação:
0xx71 - 3206 3590
Av. Tancredo Neves, 2782
Caminho das Árvores
CEP: 41.820-900 - Salvador - BA
São Luís:
Crianças e Adultos:Endereço:
0xx98 - 3216 5400
Av. Luiz Rocha, s/nº - Monte Castelo
CEP: 65.070-000 - São Luís - MA
Fonte: http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/
terça-feira, 10 de junho de 2014
E aí? Vamos continuar nossa jornada?
Quero compartilhar com vocês três
momentos do Lucas em videos. Vocês poderão notar a evolução. No primeiro, em 2012, ele
tenta fugir, no segundo, em que me emocionei, claro, me emociono em todos, mas,
neste em especial, foi dia das mães, o Lucas estava embaixo e no altar estava o
Ian, não é para emocionar? No terceiro, em uma apresentação escolar, no último final de semana, ele fica, canta e ainda se esforça para acompanhar a coreografia. Agora, vocês podem
pensar, mas toda criança tem seus momentos de não querer participar de
apresentações em público. Vou contar uma coisa que ouvi uma vez, “nossa, que
bom que você deixa seu filho brincar com outras crianças, algumas mães não
deixam”, me perdoem as mães com essa atitude, mas não concordo. Nossos
filhos merecem e devem participar de apresentações, brincar com outras crianças
e não estamos expondo-os, como alguns podem pensar, estamos lutando para que
eles não se sintam excluídos. Eu não permito que meu filho seja excluído de
nada, a não ser que alguém me prove, cientificamente, que não pode participar.
Bom, espero que vejam os videos e se alegrem, como eu.
01 - Lucas 2012
02 Lucas 2014
03 Lucas 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.
Presidência da
República
Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos |
Dispõe sobre a educação especial, o atendimento
educacional especializado e dá outras providências.
|
A PRESIDENTA DA
REPÚBLICA,
no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”,
da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso III, da
Constituição, arts. 58 a 60 da Lei no 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, art. 9o, § 2o, da Lei no
11.494, de 20 de junho de 2007, art. 24 da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovados por meio do
Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, com status
de emenda constitucional, e promulgados pelo Decreto no
6.949, de 25 de agosto de 2009,
DECRETA:
Art. 1o O
dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será
efetivado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - garantia
de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com
base na igualdade de oportunidades;
II - aprendizado
ao longo de toda a vida;
III - não
exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência;
IV - garantia
de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis
de acordo com as necessidades individuais;
V - oferta de
apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a
facilitar sua efetiva educação;
VI - adoção de
medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o
desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena;
VII - oferta
de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; e
VIII - apoio
técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins
lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial.
§ 1o Para fins deste Decreto,
considera-se público-alvo da educação especial as pessoas com deficiência, com
transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação.
§ 2o No
caso dos estudantes surdos e com deficiência auditiva serão observadas as
diretrizes e princípios dispostos no Decreto no
5.626, de 22 de dezembro de 2005.
Art. 2o A
educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a
eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação.
§ 1º Para
fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados
atendimento educacional especializado, compreendido como o conjunto de
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional
e continuamente, prestado das seguintes formas:
I - complementar
à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos
estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou
II - suplementar
à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação.
§ 2o O
atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da
escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e
participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas
público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais
políticas públicas.
Art. 3o São
objetivos do atendimento educacional especializado:
I - prover
condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir
serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos
estudantes;
II - garantir
a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;
III - fomentar
o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras
no processo de ensino e aprendizagem; e
IV - assegurar
condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e
modalidades de ensino.
Art. 4o O
Poder Público estimulará o acesso ao atendimento educacional especializado de
forma complementar ou suplementar ao ensino regular, assegurando a dupla
matrícula nos termos do art. 9º-A do Decreto no
6.253, de 13 de novembro de 2007.
Art. 5o A
União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos
Estados, Municípios e Distrito Federal, e a instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade de ampliar
a oferta do atendimento educacional especializado aos estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.
§ 1o As
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos
de que trata o caput devem ter atuação na educação especial e serem
conveniadas com o Poder Executivo do ente federativo competente.
§ 2o
O apoio técnico e financeiro de que trata o caput contemplará as
seguintes ações:
I - aprimoramento
do atendimento educacional especializado já ofertado;
II - implantação
de salas de recursos multifuncionais;
III - formação
continuada de professores, inclusive para o desenvolvimento da educação
bilíngue para estudantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do
Braile para estudantes cegos ou com baixa visão;
IV - formação
de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação na
perspectiva da educação inclusiva, particularmente na aprendizagem, na
participação e na criação de vínculos interpessoais;
V - adequação
arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;
VI - elaboração,
produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e
VII - estruturação
de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior.
§ 3o As
salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos,
mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento
educacional especializado.
§ 4o A
produção e a distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade e
aprendizagem incluem materiais didáticos e paradidáticos em Braille, áudio e
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador
de voz, softwares para comunicação alternativa e outras ajudas técnicas
que possibilitam o acesso ao currículo.
§ 5o Os
núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior visam
eliminar barreiras físicas, de comunicação e de informação que restringem a
participação e o desenvolvimento acadêmico e social de estudantes com
deficiência.
Art. 6o O
Ministério da Educação disciplinará os requisitos, as condições de participação
e os procedimentos para apresentação de demandas para apoio técnico e financeiro
direcionado ao atendimento educacional especializado.
Art. 7o O
Ministério da Educação realizará o acompanhamento e o monitoramento do acesso à
escola por parte dos beneficiários do benefício de prestação continuada, em
colaboração com o Ministério da Saúde, o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
“Art. 9º-A. Para efeito
da distribuição dos recursos do FUNDEB, será admitida a dupla matrícula dos
estudantes da educação regular da rede pública que recebem atendimento
educacional especializado.
§ 1o A
dupla matrícula implica o cômputo do estudante tanto na educação regular da
rede pública, quanto no atendimento educacional especializado.
§ 2o O
atendimento educacional especializado aos estudantes da rede pública de ensino
regular poderá ser oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos,
com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo
competente, sem prejuízo do disposto no art. 14.” (NR)
“Art. 14. Admitir-se-á,
para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas
efetivadas na educação especial oferecida por instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na
educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente.
§ 1o Serão
consideradas, para a educação especial, as matrículas na rede regular de ensino,
em classes comuns ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas
especiais ou especializadas.
§ 2o O
credenciamento perante o órgão competente do sistema de ensino, na forma
do art. 10, inciso IV e parágrafo único, e art. 11, inciso IV, da Lei no
9.394, de 1996, depende de aprovação de projeto pedagógico.” (NR)
Art. 9o As
despesas decorrentes da execução das disposições constantes deste Decreto
correrão por conta das dotações próprias consignadas ao Ministério da Educação.
Art. 10. Este
Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 17 de novembro
de 2011; 190o da Independência e 123o da
República.
DILMA ROUSSEFF
Fernando Haddad
Fernando Haddad
Este texto não substitui o
publicado no DOU de 18.11.2011 e republicado em 18.11.2011 - Edição extra
sexta-feira, 6 de junho de 2014
A trajetória de uma criança com atraso global do neurodesenvolvimento
O começo
A batalha
Chamo
de batalha pois assim que nos sentíamos, no meio de uma guerra, onde cada
batalha vencida era uma vitória. Com três anos as crises continuavam e a busca
por remédios que se adequassem ao organismo dele era incessante, ainda haviam
os problemas de encontrar os remédios nas farmácias. Por uma loucura, em um
determinado mês resolvemos não procurar os remédios e eu resolvi me voltar
totalmente para minhas orações, momento de desespero, de loucura,
irresponsabilidade, chamem como quiser, foi um momento difícil. Não aguentava
mais ver meu filho ou sedado ou caído com convulsões. O resultado foi uma
diminuição das crises e o aparecimento de ausências ou convulsões mais brandas.
Não quero induzir ninguém a não dar os remédios aos seus filhos, estou
relatando minha experiência. A neuro nos explicava que as ausências eram como
curtos circuitos no cérebro de Lucas, por isso, ele não memorizava o que
aprendia. Aprendia hoje, amanhã já não sabia mais. Após um ano sem tomar os
remédios, as ausências desapareceram, milagre, eu acredito intensamente nisso.
Com 4 anos resolvemos levar Lucas para escola, municipal, pois, haveria mais
acompanhamento devido a Lei de inclusão. Neste período, os novos exames, feitos
na Rede Sarah de hospitais de reabilitação, diagnosticaram o atraso global de
desenvolvimento. O que é isso? O que temos que fazer agora? Nosso filho não vai
aprender? Onde buscar ajuda? E as dúvidas começam a pairar sobre nossas
cabeças, o temor, a falta de conhecimento sobre o assunto, a estrutura precária
da escola, o fato é: as escolas não estão preparadas para receber as crianças
com atrasos, muito se tem a fazer, as dificuldades financeiras, tudo se
embolando em um grande turbilhão de pensamentos e muito mais orações e pedidos
de direção.
As pequenas
grandes vitórias
Nos
indicaram, além de tratá-lo como uma criança normal, dando amor, carinho e,
também, disciplina, a encontrarmos os serviços de fonoaudiologia, terapias, que
o ajudassem e nos ajudassem. Lá fomos nós, buscar ajuda na rede pública, pois,
esses tratamentos são caros e raramente, atendem planos de saúde. As agitações
de Lucas tornavam difícil encontrarmos quem ficasse com ele para trabalharmos.
Resultado, meu marido continuou trabalhando e eu deixei o trabalho para cuidar
do Lucas. E fomos percebendo que ele ficava mais tranquilo e se desenvolvia
melhor comigo por perto. Foi uma boa escolha apesar de difícil financeiramente,
afinal, somos um casal classe média. Mais nada era mais prazeroso do que ver
pequenas coisas acontecendo, que, talvez, por tudo ter sido tão normal com meu
primeiro filho eu não tenha notado. Ver o Lucas aprendendo a comer sozinho era
uma grande vitória, vê-lo aprendendo a falar outra. Mais uma vez a ação de Deus
em nossas vidas, comecei a frequentar uma igreja na época em que ele ainda não
falava e pedi ao Pastor que me ajudasse com suas orações, e assim ele fez, mais
uma vez, vimos Deus trabalhar na vida de nosso filho. O desenvolvimento
colegial continuava muito fraco, a coordenação motora não era boa, mas,
estávamos ali, dispostos a buscar ajuda onde fosse necessário. E as informações
vinham de internet, de pessoas conhecidas que conheciam alguém com o mesmo
problema, e o mundo deixa de ser pequeno, egoísta e se abre um grande leque de
oportunidades, de desejo de ajudar ao próximo e sentir que Lucas é tão normal
como qualquer outra criança, que nós, os pais, é que vivemos em um mundo onde
não percebemos o outro. Com o passar do tempo e ele mais tranquilo, sem
ausências, um pouco mais independente, voltei a trabalhar. Sentimento de culpa,
pensamentos embaralhados, mais, era preciso, até mesmo para ajudar no
desenvolvimento dele, que precisava saber que o mundo ia além de mim. Na escola
pública, mesmo com toda boa vontade das auxiliares e professoras, não víamos
muito progresso, eram muitas crianças e ele necessitava de atenção especial. Trocamos
Lucas de escola, buscamos mais informações sobre o que o plano de saúde
cobriria, e seguimos buscando mais para que ele tenha o desenvolvimento que é
capaz, que se relacione com outros de igual para igual e temos certeza de que
isso é possível. Vejam como a criança nos ajuda, como é uma troca, nos o
ajudamos a se descobrir e ele nos ensinou que era preciso olhar para fora de
nossos mundinhos.
Quando decidimos trocá-lo de escola
precisamos nos concentrar na busca, deveria ser uma escola realmente
interessada na inclusão social e não apenas em fazer matrícula para ter mais
dinheiro no caixa. Após algumas conversas, informações, chegamos a escola em que ele se encontra hoje.
Nesta escola com menos crianças na sala e um acompanhamento os desenvolvimentos
motores foram visíveis a curto prazo, o que ele precisava era mais incentivo e
orientação correta. Fomos apresentados por essa nova escola a um grupo,
Metamorfose, onde ele começará a fazer um acompanhamento com terapias
ocupacionais e fonoaudilogia e não preciso dizer que o sentimento é de
euforia, esperança, alegria, medo do novo e um desejo enorme de que mais
pessoas saibam que é possível com muita ajuda, fé, força, amor, muito amor, ver
nossos pequenos, diagnosticados com “atraso global do neurodesenvolvimento” nos
mostrarem como nós é que temos atrasos de conhecimento, de amor ao próximo, de
união. Agradeço todos os dias por Deus ter me concedido a dádiva de ser mãe de
uma criança tão maravilhosa, amável e sensível.
Continuarei essa história e vocês
conhecerão os próximos passos do meu herói. Nos acompanhem nesta incrível
jornada.
A ajuda
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